02/09/2013

Texto: Um rebelde que não quer ser criminoso

Então algo de bom aconteceu. Algo de muito bom, na verdade.
Algo que nós não estava-mos à espera, nem pedi-mos para acontecer. Algo que poderia mudar a minha ideia deste verão, ou pelo menos, o final dele.
Não, não era amor. Eu sabia e ele também mas, nós continua-mos a tentar acender uma chama já apagada. Era inútil e doeu por muito tempo, mas então algo mudou.
Não com ele. Nada mudou entre mim e ele, e para além do mais, ele partiu, mas isso já era esperado.
Algo mudou dentro de mim.
Algo como, um tapa na cara ou, um sorriso de um estranho... algo que me dizia para aceitar as oportunidades, e que talvez, com sorte, algo de bom acabaria por vir dessas oportunidades. E veio.
Talvez, porque eu disse que sim ou talvez, porque ele disse que não, mas o que interessa é que algo de bom, realmente aconteceu.
E como eu disse, eu não estava à espera, nem pedi para acontecer, mas aconteceu.
Não me entendam mal, mas eu estava feliz com a minha vida pacata e monótona.
Eu era feliz assim, até porque nunca fui senhora de fugir das rotinas, mas fugi. E agora, não consigo voltar para onde estava a semana passada.
E nem sei, se isso é bom ou mau.
Não é amor, eu sei e ele também mas, a sensação é parecida. É uma alegria, é sentir que posso fazer tudo... é viver de verdade. 
É o sol na cara, às 2 horas da tarde. É as calças apertadas e o suor a descer pela testa, às 3 horas da tarde. É a procura por uma sombra, às 4 horas da tarde. É a descontracção, às 5 horas da tarde e é a nostalgia, às 6 horas da tarde, quando um "manda-me mensagem, quando chegares a casa" é a última coisa que oiço antes, de o ver sair de cena.
O último ato, a última cena, e a cortina fecha.
Mas aparentemente, ele é insaciável e quanto mais espero que ele se farte, com mais força ele vem.
E quando reparei, já estava. Eu já estava acostumada a ele.
Ficar em casa, deixara de ser normal para passar a ser tedioso.
Acreditar que o problema era meu, passara a ser "o problema na verdade, é dos outros".
E tudo por culpa, de um rebelde que não quer ser criminoso.
Ele fez-me acreditar que eu sou boa o suficiente, que não há nada de mau em mim, que alguém poderia facilmente apaixonar-se por alguém como eu... mas mais trágico ainda, ele tirou-me da minha bolha. Sugou-me cá para fora e agora, estou presa num mundo onde já tinha aprendido, que não valia a pena visitar.
E a culpa é dele. Ou minha, por me ter deixado levar, por ter dito "sim" de todas as vezes, que ele me quis sugar.
Ou a culpa já era minha muito antes, talvez até quando disse "sim", às oportunidades que me levaram a cruzar com o caminho de um rebelde.
Eu estava a adorar, até dar-lhe a impressão errada. E porra, não é amor. Eu sei mas, ele acredita que eu não sei.
Merda, merda, merda...
O teatro acabou, assim que a cortina fechou.
Era suposto, haver outra peça. Mas agora, não sei.
E não é amor. É aprender a viver, escrito por Uma Idiota Que Não Se Importa Com Criminosos.

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